Nota de repúdio

 

Vivemos tempos difíceis para todos os seguimentos da sociedade. Pessoas têm morrido no mundo inteiro vítimas do novo Coronavírus (Covid-19) e por aqui não é diferente, com o agravamento das mortes pelo descaso do poder público. Heróis têm vindo à tona no cumprimento de suas atividades laborais consideradas essenciais.

Dentre tantas atividades essenciais estão os profissionais da saúde e segurança, e entre as instituições que fazem parte da segurança pública estão as Guardas Municipais. Esses profissionais que, infelizmente, na maioria das cidades do nosso estado, são expostos às suas atividades sem as devidas condições para seu exercício e, estão por demais vulneráveis, quer seja pelo seu papel na segurança pública ou no apoio ao combate ao Covid-19, ambas pelo descaso por parte da administração pública.

Na noite desta quinta-feira (28/5), perdemos o companheiro JOAQUIM ESTEVÃO DE OLIVEIRA NETO, GCM da cidade de Mossoró.

O companheiro, que foi vítima do novo Coronavírus, tinha mais de 40 anos de serviços prestados à instituição e à nossa cidade. Apesar de já poder estar aposentado, pelos sentimentos de orgulho e responsabilidade em servir, se manteve na ativa. Infelizmente, já acumulamos muitos outros companheiros contaminados e que não lhe foram apresentados um planejamento estratégico para executar suas atividades a fim de se protegerem da contaminação, testes para verificação de contágio, companheiros que permanecem trabalhando mesmo quando descoberto que trabalharam com pessoas comprovadamente contaminadas, o que contraria a orientação da Organização Mundial de Saúde (OMS), que recomenda a quarentena também para essas pessoas, que não encontram suporte para se tratarem, além da permanência das atividades para os GCMs do grupo de risco, suspensão de férias e licenças, mesmo para esse grupo vulnerável.

A GCM de Mossoró, que participa diuturnamente da segurança pública da nossa cidade, vive um momento de descaso extremo. Além das demandas antigas que já não é novidade: regulamentação do porte institucional, falta de equipamentos menos que letais, descumprimento de seu plano de cargo, além do momento atual, falta de um planejamento estratégico de utilização RESPONSÁVEL de seu efetivo no apoio ao combate ao Covid-19 tem hoje, terminantemente, rejeitado a postura de descaso e falta de empatia por parte do atual secretário da pasta, Sócrates Vieira, que inicialmente proibiu o cortejo das viaturas ao nosso companheiro GCM ESTEVÃO até sua cidade natal, Icapuí/CE, em um povoado vizinho a Cidade de Tibau/RN, Ibicuitaba, distanciada a 60km de Mossoró, e depois voltou atrás de sua decisão, porém, já tinha inflamado o efetivo. Tal ato deixou a tropa desgostosa, inicialmente pela falta de crédito na boa fé do secretário da pasta em encaminhar as demandas há tanto tempo reinvindicadas, e, por fim, na clara falta de empatia ao momento de dor dos guardas. Os guardas estão organizando um cortejo, merecidamente, ao companheiro que dedicou mais de 40 anos da sua vida à corporação e não escondia o orgulho em fazer parte dela. O cortejo sairá do hospital São Luiz às 5h de hoje(29) e seguirá até o cemitério da comunidade de Ibicuitaba.

A indignação que nos toma o peito é resultado de anos de descaso dos gestores, com a nossa instituição e servidores (tanto os que passaram como a que aí está), como também pelos anos de luta pela valorização profissional e vontade de servir melhor a nossa população.

Basta! Paciência tem limite.

GCM MONTEIRO
Guarda Civil Municipal de Mossoró/RN
Vice-presidente do Sindguardas/RN


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