Nota de Repúdio às declarações do senhor Eliéser Girão.

 

Por causa da violência desenfreada, a sociedade está cada vez mais preocupada com os rumos da Segurança Pública e, em ato quase que de desespero muitos, absurdamente, já começam a aceitar práticas desumanas e até aprovam o genocídio.

A intolerância emergente na sociedade é fruto da descrença de parte da população para com o próximo, reflexo do crescimento do quadro de violência e a incapacidade das classes políticas de gerirem o Estado para entregarem serviços de qualidade.

Temerosa se faz a nomeação do general da reserva do Exército Brasileiro, senhor Eliéser Girão, para a Secretaria de Segurança Pública, Defesa Civil e Mobilidade Urbana do município de Mossoró, pois este demonstra não saber lidar com a adversidade, fenômeno de quem vive, ou viveu, em ambiente repressor ou apoia governos totalitários.

Como, por exemplo, no texto de sua autoria no site www.pontodevistaonline.com.br onde ele diz: “O ocorrido dentro das Universidades após 1964 foi exatamente isto. Professores e alunos abraçaram causas revolucionárias quando o país pedia ordem e desenvolvimento. Não quero justificar a violência usada para conter as manifestações havidas. Se analisarmos tecnicamente os fatos veremos que ela foi necessária para manter a ordem e gerar o progresso. Isto é uma verdade, reconhecida até mesmo por políticos atuais. Espero que os gestores atuais usem suas inteligências para mostrar o que é fora da Lei e que apliquem as medidas necessárias para a volta da normalidade.”

São arrogantes e soberbas as suas palavras, desaprovando atos dos professores e estudantes que sempre defendem dias melhores para a educação, mesmo que com a passividade de muitos, isso não deixa de ser representativo em qualquer democracia do mundo. As palavras do ex-General não podem ecoar como se seu ponto de vista fosse unânime, ou, então, como se fosse esse o posicionamento da maioria dos brasileiros.

Para se construir algo melhor para a maioria, é preciso respeitar a diversidade de ideias e saber dialogar com todos, inclusive com os mais exaltados. Isso é o mínimo que se espera de um gestor competente, quanto mais de uma “liderança”! Se é que em algum momento de sua vida ele abdicou da força de sua patente para negociar.

Recentemente, depois de empossado na secretaria municipal, o secretário soltou outras pérolas:

“A Guarda é uma instituição civil calcada em cima de hierarquia e disciplina, subordinada ao secretário de Segurança e também à chefe do Poder Executivo. Se eles não entendem o que é hierarquia e disciplina, estou mostrando pra eles o que é, sei muito bem fazer isso, fiz por mais de 40 anos na vida militar e venho fazendo há cinco, seis anos como secretário”, afirmou Girão em entrevista ao blogueiro Carlos Skarlack.

Girão afirmou ainda que foram justamente atitudes sindicais no Brasil que levaram o país a essa situação de hoje, “sem ordem, tentando retomar o progresso”. O general também acusou os sindicalistas da Guarda Municipal de “indecoros, indelicados e grosseiros”.

Repudiamos as palavras do senhor Eliesér Girão, pois sequer sabe diferenciar negociação de imposição, bem como quer, através de práticas antissindicais, ameaçar os Guardas Civis de Mossoró. Portanto, nos solidarizamos com todos os integrantes das Guardas Municipais do estado do Rio Grande do Norte!

Ademais, atabalhoadamente, o secretário culpa o sindicalismo pelas atuais mazelas brasileiras, dizendo que foram justamente atitudes sindicais, no Brasil, que “nos levaram a essa situação de hoje: um país que está sem ordem, tentando retomar o progresso”. Ou ele está usando de má-fé ou ele não tem conhecimento dos fatos históricos, uma vez que a responsabilidade do caos que se encontra o país é tão somente dos diversos gestores do Estado brasileiro, aí incluídos os militares.

Há anos, os operadores de segurança pública vêm tentando revolucionar, no bom sentido da palavra, a qualidade dos serviços prestados, sugerindo profundas mudanças estruturais, acabando com o sistema de castas internas, tão conhecido pelo general, e trazer as melhores práticas de gestão para o seio da segurança pública, baseadas na experiência das melhores polícias do mundo.

Os sindicatos têm por função precípua defender seus sindicalizados das mazelas dos empregadores, da escravidão, da exploração a qualquer custo. Lutam por qualidade de vida, melhores condições de trabalho e, por que não, por melhores salários. Gostaríamos de saber se o senhor secretário conseguiria viver bem com o salário pago à maioria dos trabalhadores brasileiros, ou mesmo com os pagos aos servidores da Guarda Civil de Mossoró!!

A luta sindical, há tempos, extrapolou as paredes dos sindicatos e hoje avança no caminho de um país melhor e mais justo, com desenvolvimento econômico e educação, saúde e segurança públicas de qualidade. Ou seja, lutamos por um futuro melhor, inclusive para o secretário e seus familiares. Mas se isso é ser desordeiro e retrógrado, SEMPRE SEREMOS!

Fórum Estadual de Segurança Pública do RN – FOSEG/RN


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